Hoje estou remoendo algumas coisas, que estão doidas no meu peito. A principio eu achei que era raiva, mas não está passando, estou cogitando a possibilidade de ser uma mágoa profunda, justamente por não passar.
Por esses dias aconteceram dois fatos bobos que me fizeram repensar a minha relação familiar. Todos que me conhecem bem, sabe que sou louca pela minha família, faço de tudo, me entrego, amo de paixão, não vivo sem, tudo que faço é sim pensando neles, por eles e para o nosso bem estar.
Essa loucura que tenho por eles, acabou por resultar em relações não saudáveis, endeuso (de endeusar- não sei se está correto) minha mãe e minha vó, muitas vezes desconsidero o meu pai e me acho a mãe do meu irmão (mesmo minha mãe sendo presente e uma excelente mãe)- já cheguei ao ponto de chamar minha ex-cunhada, em um ato falho, de nora ¬¬
Voltando aos dois fatos, eles abalaram essa ordem não natural, natural para mim somente, dessa relação.
O primeiro fato foi nessa páscoa. A mais ou menos um ano nós compramos um computador novo para minha vó, não sei por que cargas d'água ela começou a reclamar do computador, dizendo que não queria mais ficar com ele, que ela não usa e tudo o mais, já fiquei chateada daí: poxa minha mãe terminando de pagar o computador, é presente, poxa! Juntando o útil ao agradável, briguei com meu irmão na frente dela, que esse negocio de mexer no mesmo computador eu perdi 3 anos de faculdade, fotos, músicas e a última dele foi ter tirado todos os blogs que acompanho dos meus favoritos. estava reclamando justamente disso, quando minha mãe, minha vó e meu irmão tiveram a brilhante ideia de trazer o computador da minha vó aqui para casa, todo mundo sai ganhando - minha vó se livra do computador, meu irmão ganha um computador novo e minha mãe faz o que meu irmão quer.
Até ai ótimo, só que eles queriam enfiar o raio do computador no meu quarto, dai não autorizei- do verbo não quero essa porra no meu quarto, que já esta mofado em menos de um ano de reforma, com uma cortina feia, sem tapete, com as coisas do meu gato (incluindo areia), e com os armários bagunçados, pois não tenho vontade nenhuma de arrumá-los, por que para piorar passei tanto sofrimento com meus móveis, do qual padeço sozinha, que simplesmente odeio meu quarto. Deixei, ao meu ver isso, bem claro, argumentado que a aparência de lan house iria piorar ainda mais essa situação deprimente e que tem me angustiado.
Resultado meu quarto está uma lan house no momento, meu irmão continua usando o meu computador, por que o 'novo' não aguenta os jogos dele, agora duas pessoas usam ao mesmo tempo o computador- bem lan house mesmo. E mesmo eles fazendo tudo da maneira deles, eu ainda ouvi que sou EGOÍSTA. Por que tudo o que já fiz, gastei, suei, lutei por eles não valeram de nada. O desrespeito total e absoluto, e eu sou a egoísta. A solução, depois do meu evidente descontentamento, me falaram para eu comprar uma cama para por no quarto, para meu irmão dormir na parte de cima e onde fica a cama dele ficar a escrivaninha, com essa desculpa fajuta, rebati, mas não vai adiantar nada por que esse menino só usa a internet e lá no quarto dele não pega. Momento de silêncio, nada resolvido, e eu a morrer por dentro, vontade de jogar tudo fora. me dei conta pela primeira vez que essa não é e nunca será a minha CASA, mesmo não sendo casada a casa é dos meus pais, e aqui não é meu lugar. Ainda me sinto assim, mesmo tendo passado um mês. Meu quarto continuará sendo o quarto dos fundos, minhas roupas vão continuar misturadas com as coisas da minha mãe e do meu irmão e eu continuarei me sentindo deslocada.
O segundo fato tem haver com a dieta. Meus pais não me acham bonita- meu pai chegou ao cúmulo de dizer isso em público, apesar disso minha auto estima é muito elevada e eu não me encano com isso. Eu percebo que quem mais se incomoda com a minha aparência são eles, e não é por preocupação com a minha saúde, é que o ideal de beleza deles é o da nossa sociedade- ser magra, usar boas roupas e estar sempre preocupada com o cabelo, unhas e eu sou meio desleixada mesmo, como feito uma condenada, não me comporto como uma layde, tudo que eles sonharam para mim caiu por terra.
Tentei compensar essa frustração deles sendo inteligente, responsável, passando em concurso público com 21 anos, sendo professora efetiva de um colégio central, trabalhando desde os 16 anos. Mas pelo visto ainda não é suficiente, mascarado de boas intenções vieram algumas palavras que magoam e que me fizeram questionar qual é dos meus pais? Meio adolescente isso não? Mas muito verdadeiro, na maioria do tempo obedeço sem questionamentos, mas eu me cansei de mesmo fazendo isso me sentir a errada, ser convencida disso. Por que ao meu ver, depois de ficar remoendo essas situações, eu não estou.
Estávamos no Habbib's na volta do teatro, eu fiquei esperando minha amiga chegar e meu pais foram fazer o pedido. Quando entramos, minha mãe falou: pedimos 10 esfihas, eu estava com fome e achei pouco, mas falei numa boa: Só isso? Queria pedir mais, minha mãe me olhou feio e me chamou na frente de todos de Morta de Fome, sim meu povo, e isso rendeu. Fiquei puta/chateada, olhei feio, por que ela vive reclamando e com raiva e razão do meu pai que faz a mesma coisa, humilha a gente na frente dos outros sem ligar, e ela faz o que? Reproduz, e isso me atingiu de um jeito, justamente por esperar isso dele e não dela, me pegou de surpresa, mas não me pegará mais, eu fiquei de cara feia o tempo todo, e ela em uma tentativa de arrumar, se justificar, acabou por me chamar novamente de morta de fome, dá para acredita. E a discussão continuou no carro e depois ela ainda contou para minha vó com os seguintes disseres: você não sabe o que eu tive que ouvir esse final de semana... fiquei estarrecida- me humilhou na frente dos outros, e a única preocupação dela foi com a minha resposta que não foi dita na frente dos outros e sim no carro. Mas eu fiquei tão mal com o que foi dito e ela nem se preocupou.
Ela queria uma filha magrinha, que comece uma esfiha, sem refrigerante, o que eu dou para ela? Um tribufu de 93 quilos, que comeu 5 esfihas, tomou coca e milk shake. Muito difícil lidar com a expectativa dos outros, principalmente quando a sua não é levada em consideração. Eu sei o que quero, quero emagrecer sim, por estética sim, mas não tenho ajuda deles, apoio, eles não comemoram pequenas vitórias, debocham de algumas situações, como a tipica frase de quando você está exagerando na comilança: já parou com a dieta né? Além do que, apesar de minha mãe negar frontalmente, aqui em casa se prima pela alimentação do meu irmão sim, hoje comi farofa, bife e salada no jantar, por que não peixe? por que meu irmão só come frito, dá trabalho empanar e se fizer a versão light, é dois trabalhos para minha mãe. Tenho que confessar também que odeio cozinhar, então tudo fica, por isso mesmo. Minha mãe ainda alega que do que adianta ela fazer comidas light se eu como porcaria fora de casa, claro por que a solução é eu comer mal dentro e fora de casa.
Sem contar que fiquei muito chateada com a minha vó que em discussões como essa tem a tendencia em não ficar do meu lado, não levar em consideração o que eu falo, penso e principalmente sinto. Estou aqui com vontade de chorar, como me sinto todas as noites, que olho e vejo meus fracassos- fracassei como filha, fracassei com meus sonhos, fracassei com as minhas metas....
Todas essas frustrações, misturadas com pequenos e grandes problemas tem afetado a minha dieta, tem afetado as minhas decisões, tem afetado minha visão de mundo e isso acaba aqui. Tem que acabar, quanta vezes me deixei influenciar e para que? Tanta personalidade que aparentemente eu tenho, para que? Para no fim das contas eu me sentir uma total estranha na minha casa e de uns tempos para cá com a minha família.